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HERÓIS EM TERRA ESTRANHA

     Você já ouviu falar em Eliane Elias, Toninho Horta, Romero Lubambo, Naná Vasconcelos, Cláudio Roditi, Flora Purin, Luciana Souza ou Oscar Castro Neves ? Nem tampouco sabe de onde eles são? Não tem problema, a grande maioria dos brasileiros também não sabe.
     Eliane Elias é pianista, compositora e cantora, que em 1981 mudou-se para os Estados Unidos, convidada pelo baixista Eddie Gomez para preencher a vaga de tecladista na banda Steps Ahead, grupo integrado também pelo baterista Peter Erskine e o já falecido saxofonista Michael Brecker. Desde então, sua carreira tem se consolidado entre os gringos que souberam valorizar o seu talento. É considerada uma das mais importantes pianistas de jazz, destacando-se pela mistura desse gênero com a música brasileira. Sobre sua performance ao piano, afirmou Herbie Hancock: “Ela toca tão lindamente que me faz chegar às lágrimas. Eu adoro as harmonias que ela utiliza"; Toninho Horta, por sua vez, é guitarrista, violonista e compositor que, a partir de 1990 passou a residir em Nova York, onde travou intensa amizade com o guitarrista americano Pat Metheny. Ainda nessa década, excursionou por vários países, como Inglaterra, Rússia, Japão, Coréia, Finlândia, Eslováquia, Eslovênia, Croácia, Itália, Holanda, Bélgica, Suíça, Áustria e Estados Unidos. No exterior, participou ainda de shows e gravações com inúmeros artistas, entre eles: Pat Metheny, George Duke, Manhatan Transfer, Orquestra de Gil Evans, Joe Pass, Paquito D’rivera e Wayne Shorter. Com vários discos lançados no exterior, em países como Estados Unidos e Japão, construiu uma sólida carreita internacional; Já Romero Lubambo é guitarrista, violonista, compositor e arranjador, que, desde 1985, mora nos Estados Unidos. Acompanhou, em palco e estúdio, diversos artistas, como Dianne Reeves, Michael Brecker, Paquito D’rivera, Grover Washington Jr., James Carter, Dave Weckl, entre outros, registrando seu nome entre os grandes representantes do jazz; Naná Vasconcelos está conceituado como um dos melhores percussionistas do mundo, com sua carreira solidificada nos Estados Unidos, tendo se apresentado ao lado do violinista Jean-Luc Ponty e do guitarrista Pat Metheny e marcando presença nos palcos europeus (Alemanha, França e Suíça); já o trompetista Cláudio Roditi, mudou-se para os Estados Unidos, em 1976. Entre 1987 e 1992, viajou pelo mundo como solista da United National Orchestra, lidarada por Dizzy Gillespie. Fez parte da Big Band de Slide Hampton e continua fazendo sucesso no exterior; a cantora Flora Purim, que foi considerada a melhor cantora de jazz, pela revista “Downbeat”, em votação de críticos e leitores, tendo se mantido nessa posição durante mais cinco anos, reside nos Estados Unidos, desde 1969 e já se apresentou ao lado de Chick Corea, Stanley Clarke, Carlos Santana, Gil Evans, Joe Sample e Dizzy Gillespie; por sua vez, Luciana Souza é cantora e, desde 1999, reside no exterior. Seu CD “Brasilian Duos” foi incluído na lista anual dos melhores CDS de jazz do jornal “The New York Times”, além de ter recebido indicação para o prêmio Grammy, na categoria Melhor álbum Vocal de Jazz e por último temos Oscar Castro Neves, outro exemplo de guitarrista excepcional que, em 1982, fixou residência em Los Angeles, onde compõe músicas para as emissoras de televisão NBC e KVEA (canal 52), atuando como arranjador e produtor musical de discos e orquestrador em filmes de Hollywood.
     Há outras personalidades que poderiam estar arroladas nesta lista, tais como Tania Maria, Airto Moreira e outros artistas que são extremamente respeitados em terras estrangeiras, como Joyce, Rosa Passos, Leny Andrade, etc, mas para que esse artigo não seja muito longo, fiquemos apenas com estas.
     Todos estes talentosos músicos que foram mencionados são brasileiros, mas ousaram em consolidar suas carreiras em terras estranhas, a fim de não caírem no conformismo exigido pela maioria das nossas gravadoras que preferem explorar as futilidades e seus modismos. Eles tiveram a chance de mostrar ao mundo que somos formadores de gênios, que temos um país artisticamente rico, mas infelizmente, de pouco reconhecimento por parte da nossa gente.

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