É necessário estar preparado para encarar a guerra sonora que se alastra por todo território nacional, por isso, para conter os ataques fulminantes e avassaladores que são arremessados a esmo, sempre carrego armamentos suficientes (cds, pendrives e MP’s), blindando minha audição com o jazz, a bossa e o choro, mas nessa última tarde fui saqueado pelo esquecimento e por uma chuva torrencial que caía sem piedade, enquanto aguardava minha esposa voltar da loja de sapatos. Estava atônito, fragilizado, despido no truculento campo de batalha, apenas com a companhia de um rádio famigerado. Tenho um medo terrível desse meio de comunicação. Das experiências vivenciadas, apenas duas exceções auditivas me encorajaram a ouvi-lo: nas madrugadas de Campo Grande, quando a UCDB mantinha os pés fincados no solo da MPB e ainda não havia se prostituído com outros gêneros bizarros e nos próprios programas que produzi e apresentei, logo que cheguei a Rondônia. Durante quatro anos, entre às
abstrações, devaneios, vestígios de som, respingos de arte, fé e vida que vazam pelas frestas da alma