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Mostrando postagens de 2022

Só de butuca!

   Como pode tamanha grandeza ser enclausurada nos templos ou em rótulos que manipulam a manifestação de Tua presença? Tu que és o Criador estás sujeito aos caprichos de tuas criaturas? Precisas registrar Tua chegada quando passas pelo livro ponto dos homens? Qual o motivo desse estica x encolhe, a fim de darem o veredito sobre Tua permanência? Por que muitos insistem em dizer que o Senhor não existe ou é invisível, se Te encontras sempre comigo?     Nos momentos de deleite, debruçado sobre a literatura, Tu ali estás; quando as dissonâncias jazzísticas penetram a audição, acaricias minha alma e dizes, sorrindo: "Também estou aqui, filho!"; no abraço ou choro incontido de um amigo, me aqueces o peito e traduzes tudo em canção, que ecoa convidativo: "Afaga-me, parceiro!"; no olhar amoroso de minha mãe, quantas vezes repousei em Teu colo! Nas quatro paredes, nos momentos de delírio entre os lençóis, quantas vezes vislumbrei Tua ternura estampada nos sussurros da minha

Clara

     É claro que Cristo sempre está conosco e como palavra que reverbera em verdade absoluta, garante a gloriosa majestade de sua onipresença. Mesmo que dias sombrios queiram afugentar a claridade emanada de sua doce companhia, é clarividente que jamais estaremos sozinhos.      A clareza de sua bondade invadiu nossas vidas e como um clarão de relâmpago que reluz do Ocidente ao Oriente inundou de alegria toda nossa casa por causa de sua vinda.     De longe a avistávamos, ora em sonhos, ora claramente em pensamentos que a traziam para perto do nosso alcance, mas ainda não podíamos identificar sua chegada clarificada. De repente, como verdade esclarecedora, o ambiente clarificou e pudemos avistá-la clareando nossa vida. Por isso, posso entoar meu clarinete e agradecer ao Senhor por assentar-se conosco junto à clareira e trazer de presente nossa filha, Clara.

Alicerçado na vida

     E m 31 de outubro de 1517, as 95 teses de Martinho Lutero enraizaram-se no coração daqueles que, iluminados pelo divino, compreendiam a necessidade de pisarmos firmes no solo da Reforma Protestante. Na verdade, suas ideias já fervilhavam dentro de muita gente oprimida pelas falácias e abusos romanos e com sua corajosa manifestação fez com que a erupção jorrasse as lavas da esperança.      As "solas" do latim, que em língua portuguesa intensificam o exclusivismo doutrinário saudável, ganharam força e nos libertaram dos tempos tenebrosos de escuridão. "Somente as Escrituras" merecem crédito, não há nenhum acréscimo a fazer, pois em seu bojo estão contidas a essência da vida; "Somente Cristo", o único caminho que pode nos conduzir à salvação; "Somente a graça", desbancando toda audácia meritocrática do homem, reconduzindo-o ao pó da insignificância e enaltecendo o dom gratuito que vem dos céus; "Somente a fé", o meio pelo qual realiza

Louvor na terra e no céu (in memorian)

     Cantar nunca foi sinônimo de louvar. Quem assim o faz alcança apenas aplausos de um público incapaz de ouvir o som que vem do coração. As cordas vocais não ultrapassam o teto e se desmancham no ar porque entoam sua própria glória.       As formas mais eloquentes de louvor residem no silêncio, é quando a voz embargada empresta à dor uma cantiga sublime que ecoa até os céus. Um choro incontido, vestido de uma gratidão escarlata, soa como solfejos que acariciam os ouvidos do Criador. Assim foi a experiência de Elias quando percebeu que Deus não estava no vento impetuoso que esmiuçava as penhas, nem ao menos no terremoto estrondoso, tão pouco manifestou-se no fogo, mas a realeza reluziu estampada na mansidão e delicadeza.      Louvar implica necessariamente adorar, não é um ato sonoro ou ancorado na afinação. Não há técnicas para sua aprendizagem, apenas disposição em vislumbrar nossa insignificância. Na verdade, quando os olhos se fecham e as bocas emudecem, brota o perfeito louvor,