Entre uma aula e outra, numa rápida conversa entre professores, a vida me posicionou na carteira de aprendizado e, como aluno, absorvi a lição de casa: - Meu filho já tem quase dois anos e até hoje dorme em nossa cama – disse um deles, confirmando a tal decisão do casal. O outro sapecou à queima roupa um tiro certeiro em meu coração: - O meu dormiu comigo até os sete anos. A Psicologia que se dane, amar demais nunca fez mal a ninguém! Um átimo de lucidez acertou-me em cheio e o turbilhão de informações tirou-me de cena. Vislumbrei minha mãe em seus benditos excessos: os olhos contemplativos na estrada não cessavam de me esperar e o sono já se esvaía porque o amor protagonizava o momento do reencontro; as preocupações constantes eram despejadas em mim, sem tréguas, avolumadas de um sentimento que me acompanhavam como sombra. De repente, o primeiro sorriso de minha filha, Clara, aos 2 meses de idade, encurralou-me e atônito não hesitei em crer
abstrações, devaneios, vestígios de som, respingos de arte, fé e vida que vazam pelas frestas da alma