Bom mesmo é ser torto como o jazz Esguio como a bossa e o samba Andar na corda bamba Trocar as mãos pelos pés Pegar atalhos e fugir da direção Abandonar a canga Dar pano pra manga Provocar confusão Assim funciona a liberdade Dá um nó em quem não entende Mas para quem se rende Sabe que a arte é verdade Não se compra em mercado Vive nas ribanceiras Nas miragens, trincheiras Longe do trânsito engarrafado Meio trôpegos, cambaleantes e incertos Os demais transeuntes são arrastados E a correnteza que os leva amarrados Descambam em vários desertos Com os olhos embotados de terra Entre pedras, poeira e fumaça Não percebem que a vida passa E que já perderam a guerra Assim seguem felizes e escravizados Como se comessem manjares E lá de cima de seus altares Fossem ovacionados Enquanto isso a mídia agradece Segue empurrando a insossa comida fria Que desce macio na barriga vazia Do povo que sorri e perece.
abstrações, devaneios, vestígios de som, respingos de arte, fé e vida que vazam pelas frestas da alma