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Mostrando postagens de 2014

SÓ O DONO GAVA O TOCO

Andava como quem vende ouro Sapato lustrado, camisa engomada Desembestava explicar pra que serve O que só reluz pro olho meu, a arte. Demorei desaprender Pelo que a salvação veio dia desses Disse um menino sabido: “Só o dono gava o toco” Embrenhei macega adentro Todo desarranjado Não topo com gente mais No muito é queixada e calango Do resto só eu, a catinga por trás da moita E bugio no oco dum pau podre Arremedando o fazimento De repente um arrepio fino no pé da nuca Era o poema se espremendo pra nascer Agarrei a liberdade pelo rabo E saí assobiando, todo entanguido Admirado com a obra pronta.

COLORINDO O CORAÇÃO

       Dizem os desinformados que no calendário há “o mês do cachorro louco”, mas tal ditado popular foi desmistificado nessa temporada de 2014, criando outra afirmativa comprovadamente real: agosto é o “mês da amizade louca” e foi justamente nesse período que mais cores vibrantes agregadas na memória pintaram meu coração. Desta feita, a escaldante fornalha Cuiabana ventriculou sua tinta escarlata na trilha dos aventureiros.       Enquanto Lacerda e o cronista ainda sobrevoavam o céu de Rondônia, o anfitrião Manoel já os aguardava em solo mato-grossense para estreitarem ainda mais os laços parentais e desfrutarem dos momentos de intimidade com a natureza, mantinha-se com um olho whatsappeando e outro preso ao pouso dos primos na pista. Na chácara onde desembarcaram, próxima à Chapada dos Guimarães, as preocupações e demais mazelas rotineiras foram escanchadas na porteira, juntamente com os ardis de uma anta faceira que nos dava as boas vindas. Naquele ambiente paradisíaco, vez ou ou

ABOIO

     Há alguns meses, os pecuaristas rondonienses participaram ativamente da campanha de vacinação do rebanho bovino, tendo um papel fundamental na prevenção e erradicação da febre aftosa, além de extirpar também outros flagelos, tais como o carbúnculo, a brucelose e a famigerada mosca-dos-chifres. Desta feita, lá estava eu acompanhando todo o processo que acontece duas vezes por ano.      Os mugidos misturavam-se aos sons uníssonos e indefiníveis dos aboios que ecoavam pelo curral:        - Ouou!, hea hea!, hen hen!...       O bodejo não possuía nenhum código linguístico que o definisse, mas o gado entendia muito bem a mensagem e obedecia às ordens, seguindo rumo ao brete, só aguardando a agulhada que viria furar seu couro grosso. De sobra, ainda restava receber o ferrete fumegante, alaranjado de tão quente, para evidenciar a marca de seu dono. Escorei os cotovelos num cavalete e fiquei admirando a cena. Como essas vacas entendem esses rumores atípicos? Como saem satisfeitas,

DEZ, NOTA DEZ!

       Nos dias 02, 03, 04 e 05 de março de 2014, o bloco carnavalesco, Unidos do Miralobra, com o enredo “Reencontro”, deixou na poeira todas as escolas de samba da cidade maravilhosa, os cilibrins ofuscaram os holofotes e o glamour da Sapucaí, voltando-se para as águas do Miranda, proporcionando mais um evento antológico.        Gazal, o ilustre Mestre-sala e Nilva, a performática Porta-bandeira desfilaram de forma magistral ao som da marcha turca que era conduzida pelo violonista, Vitinho do Prata; no quesito “alegorias e adereços”, a nota dez já era mais que prevista. Burcas, varas, molinetes, morangas, lambaris, minhocas, tuviras, carretilhas, sapicuás, sete léguas, repelentes de toda espécie e chapéus ornamentavam o ambiente; um dos grandes destaques foi a passista Dona Lourdes e sua deslumbrante fantasia “Noites do Oriente”, esvoaçando seu turbante como um pavão eufórico; Já a Comissão de frente foi muito bem conduzida pelos foliões, Ludião e Chena. O nível de encegueramento