Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2011

NÃO SAIA DO BARCO

     Há uma história bíblica presente no evangelho de Mateus, capítulo 8, entre os versículos 24 e 27 que traz uma lição de vida para os dias atuais, momento digno de reflexão: “E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. E eis que se levantou no mar tão grande tempestade que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo. Os discípulos, pois, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Salva-nos, Senhor, que estamos perecendo. Ele lhes respondeu: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se grande bonança. E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?"      Assim é a atitude da humanidade diante das ondas volumosas que tentam afogar os tripulantes tomados pelo desespero, pois a consciência frágil esquece da presença gloriosa de Jesus. Em alguns casos, a vontade é de abandonar a embarcação e tentar nadar freneticamente à procura de uma ilha de descanso,

HERÓIS EM TERRA ESTRANHA

     Você já ouviu falar em Eliane Elias, Toninho Horta, Romero Lubambo, Naná Vasconcelos, Cláudio Roditi, Flora Purin, Luciana Souza ou Oscar Castro Neves ? Nem tampouco sabe de onde eles são? Não tem problema, a grande maioria dos brasileiros também não sabe.      Eliane Elias é pianista, compositora e cantora, que em 1981 mudou-se para os Estados Unidos, convidada pelo baixista Eddie Gomez para preencher a vaga de tecladista na banda Steps Ahead, grupo integrado também pelo baterista Peter Erskine e o já falecido saxofonista Michael Brecker. Desde então, sua carreira tem se consolidado entre os gringos que souberam valorizar o seu talento. É considerada uma das mais importantes pianistas de jazz, destacando-se pela mistura desse gênero com a música brasileira. Sobre sua performance ao piano, afirmou Herbie Hancock: “Ela toca tão lindamente que me faz chegar às lágrimas. Eu adoro as harmonias que ela utiliza"; Toninho Horta, por sua vez, é guitarrista, violonista e compositor qu

NAVEGAR É PRECISO

     Quando Tom Jobim afirmou que esse artista é o grande "conhecedor dos caminhos", o mestre não exagerou. Excepcional melodista, ele nasceu historicamente junto com a bossa nova. As melodias inspiradas resistem ao tempo, mostrando que o verdadeiro caminho é a independência artística. Ele e a bossa nova praticamente se confundem. Estou falando de Carlos Lyra.      Como se determinaria o ano marco da carreira de um artista da música? A primeira gravação, o primeiro disco, a primeira apresentação? Mas para um compositor, nada é mais importante do que sua primeira composição, ainda mais quando esta é interpretada, até hoje, por artistas como Caetano Veloso e Danilo Caymmi, para citar as mais recentes gravações. E é assim com “Quando chegares”. Primeira música e letra de Carlos Lyra, composta em 1954. Foi o passo inicial de uma carreira que abrilhantou a música do Brasil e a elevou, com a Bossa Nova, à categoria internacional. A bossa nova teve um Olimpo restrito, seguido de uma

BAIÃO DE TRÊS COM BRIDA

     Após seis anos em Rondônia, vivendo as quatro estações bem definidas (verão, quentura, fervura escaldante e brasa pura), o frio resolveu sair da hibernação e dar o ar de sua graça, deixando os termômetros atingirem uma baixa temperatura.       Acostumado com o clima Sul-Matogrossense, justamente nesse período aconteceu o meu casamento, trazendo à tona uma atmosfera saudosista, fazendo as lembranças reviverem na memória os dias frios presenciados em Campo Grande, quando era necessário buscar vestígios de sol por entre as brechas das nuvens espessas. A fumaça que saía da boca misturava-se ao mormaço causado pelo capuccino que era saboreado na Escola Latino Americano. A cena se repetiu, mas agora tendo como cenário a cidade de Vilhena que era castigada pelos cinco graus centígrados. O mês de julho de 2010 foi marcado pelo vento cortante que pairava na rodoviária, atingindo em cheio o rosto juvenil da minha esposa Carina. Deus estava abençoando nossa viagem à cidade morena a fim de de

BODAS SEM FIM

     Posso dizer que o encontrei. Sei que estou na trilha certa e algumas dicas de poetas e compositores me trazem reflexos daquilo que sinto e não sei explicar.      Djavan, menciona: “O amor é como um raio galopando em desafio, abre fendas, cobre vales, revolta as águas dos rios”. Jorge Vercilo, por sua vez, diz: “Eu quero ver o invisível, prever o que está no ar, como previ meu futuro ao lhe ver passar”. Como se não bastassem esses trechos, descrevo na íntegra um lindo poema: “Amar assim", de Vitor Martins. Ele fala por mim para a comemoração dos seis meses de casamento. AMAR ASSIM Me emociona o seu carinho, início de redemoinho E você vira minha dona Uma gazela, uma amazona Me cavalgando no cio Transbordamento de rio Uma Araguaia, um Tocantins Eu sempre quis amar assim Sem começo e sem fim... Me emociona o seu carinho Amor que vem da natureza É agua fresca divina Que escorre por entre os dedos Molhando o peito e a camisa Derramamento de vida Uma Araguaia, u

PÓ DO MESMO CHÃO

      No mundo espiritual há uma hierarquia absoluta: Deus tem o domínio pleno sobre todas as coisas, mas na esfera material é limitada, pois esta superioridade condiz apenas no sentido ocupacional, nos cargos que se ocupa durante o breve tempo de vida sobre esta terra.       Todos os cidadãos estão sujeitos a muitas imposições, cercados de obrigações e deveres que independem da força de vontade, restando apenas o cumprimento legal, é o caso do pagamento de impostos. Na política, por exemplo, as forças do poder são notórias, uma vez que tais ocupações também geram uma série de responsabilidades, dando margem a cobranças impostas pelo povo. No âmbito religioso também não é diferente, as ovelhas são conduzidas pelos pastores e devem respeito à liderança. Na área familiar pode-se notar certo grau de superioridade não só dos pais em relação aos filhos, mas a grosso modo, dos idosos em oposição aos mais jovens, além da responsabilidade que é devida ao marido, a fim de que assuma a postura d

RÉPLICA DE DEUS

     A ninguém foi dado compreender a intensidade do amor de mãe, nem os filhos chegam próximo a esse entendimento, é algo em secreto, uma conversa com o Criador, um sentimento nobre que só foi despejado no coração dela, com pura exclusividade.      O sacrifício de Jesus na cruz pela humanidade é incomparável, mas nesta terra pode-se, grosso modo, até aproximá-lo ao amor de mãe. Esse gesto de pura bondade nos constrange, pois independe de merecimento ou de algo em troca. Todas as declarações de amor nunca serão suficientes para retribuir o que se recebe a vida inteira.      Mãe querida, eis aqui um belo poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado: “Para sempre”. O título revela uma verdade absoluta, pois sei que seu amor sempre me acompanhará, mesmo que nessa terra a senhora já não esteja mais presente, mas sei que ele estará sempre latente, inflamado, vivo dentro de mim por toda a eternidade. Para Sempre Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é t

VERMELHO QUE TE QUERO BEM

     A humanidade, o universo e sua dimensão, tudo o que existe nos céus e na terra foram criados por Deus, inclusive as cores e seus significados.      Se o azul é mencionado, por exemplo, logo as visões de céu e mar tornam-se alvo da imaginação e sua conotação traz à tona outros elementos; já o verde é capaz de transportar os sentimentos contemplativos ao berço da natureza, deitando o olhar na esperança da preservação da terra. O preto liga-se à escuridão pelos laços da morte que arreganha seus dentes carregados de pavor. Daí a atitude do luto, uma pura demonstração de dor causada pelo abismo da separação. Na mesma matiz escura, outros reflexos tornam-se agregados: a escravidão, o sofrimento, a saudade, o medo, o inferno. Já em outras nuances extremamente opostas surge o branco, símbolo da paz, purificação, castidade e alvura dos pensamentos nobres.        Sabendo que toda aquarela pode ser encaixada nesse momento reflexivo, quero me aprofundar na esfera do vermelho, a tonalidade ma

APOSENTANDO AS GARRUNCHAS

     A vida possui rédeas que não podem ser controladas pelos pulsos da humanidade, mas as pessoas insistem em querer dominá-las e com isso acabam descambando para as águas profundas e turvas da insatisfação.      As solicitudes da vida têm sido motivo de muita preocupação e isso faz com que o tempo não seja aproveitado em toda sua plenitude, pelo contrário, a força da ansiosidade toma proporções assustadoras e rouba a tão almejada paz. Isso pode ser comprovado no Evangelho de Mateus, capítulo 6, versículo 27: “E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?”      Apesar de toda a modernidade evidente no século XXI, o perfil deste mundo pode ser comparado aos cenários do velho oeste, onde forasteiros armados até os dentes atiram a esmo. Munições voam para todos os lados e acertam alvos inapropriados. Enquanto esses feixes cruzam os céus, Deus apenas balança a cabeça, numa atitude de reprovação, perguntando pra si mesmo (como se já não soubesse a

O FRANGO QUE DEIXA O HOMEM EM FRANGALHOS

     No artigo anterior começou a análise filosófica a respeito do passado, tendo a figura do frango como ilustração para uma maior compreensão, mas toda essa análise ainda não chegou ao fim, faltando agora a reflexão sobre o frango mais difícil de morrer: o da área sentimental.       Ao atravessar a fase da inocência, deixando a ingenuidade para trás, toda humanidade começa a viver para construir sua granja, a fim de empoleirar seus desejos. Nesse ambiente as vasilhas estão sempre cheias de água fresca, os arames reforçados para que não haja fuga, a quirera é jogada com carinho para proporcionar-lhes uma alimentação saudável, então quando a tarde cai e elas começam a se ajeitar para dormir, é momento de ficar do lado e fora, só admirando o crescimento das aves.      Vez ou outra, quando a fome aperta, surge a necessidade de transformá-los no prato principal, então sem nenhum resquício de mágoa, é hora de abrir a porta da granja, arrastar qualquer um pelo pescoço e levá-lo para o abate

MATANDO O FRANGO

     O Criador absoluto de todas as coisas, em sua infinita misericórdia, resolveu se revelar ao homem através da morte e ressurreição do seu filho amado, Jesus Cristo, bem como manifestando a sua vontade evidenciada na Bíblia, mas também tem usado homens e mulheres como canais de bênçãos sobre a terra.  Assim ele o fez quando permitiu que alguém me trouxesse uma realidade tão evidente, porém em uma frase aparentemente tosca e rudimentar: “Você precisa matar o frango”. Tal expressão ficou martelando meus neurônios durante dias e a compreensão exata dessa comparação trouxe um ensinamento valioso que precisa ser colocado em prática, mas não é tão simples assim.       No Evangelho de João, capítulo 3, versículo 3, há um processo que desencadeia a libertação, isso acontece quando alguém entende que está terminantemente perdido, enlaçado nas tramas do pecado, gerando arrependimento por tais práticas, trazendo o entendimento sobre a aceitação da pessoa de Jesus Cristo como libertador de sua

A VERDADEIRA DECLARAÇÃO DE AMOR

     O sentimento de amor tem sido um elemento constante nas diversas formas artísticas e se revelado ao longo da história, deixando seu rastro de encanto e magia.      Na literatura, por exemplo, Vinícius de Moraes foi um dos poetas que mais declararam seu amor pela beleza feminina. Pode-se notá-lo nos versos do soneto do amor total: “Eu te amo tanto, meu amor, não cante o humano coração com mais verdade, amo-te enfim com grande liberdade, dentro da eternidade e a cada instante.” A escritora Marina Colassanti, no texto, Amor com A maiúsculo, desembainha seus dotes: “Mas existe mesmo esse amor, tão total, tão avassalador, tão completo? Ou nós o inventamos, instituindo talvez a exceção como regra?”. Já o mineiro Carlos Drummond de Andrade também revela sua contribuição cultural galgando os passos de tão nobre sentimento: “O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar; o mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar; o amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.”      Na música

SIMPLESMENTE HUMANO

     O violonista, compositor, arranjador e cantor João Alexandre, um dos ícones da cultura gospel de qualidade, com todo seu estilo requintado, traz uma realidade evidente na canção “Quem sou eu”. Leia o texto abaixo e depois aceite meu convite, caro leitor, para fazermos uma breve reflexão sobre a efemeridade da vida:   Foi Sua voz que fez nascer toda a luz Foi Sua mão que pôs estrelas nos céus Seu nome é Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Príncipe da Paz, Pai de toda Eternidade Foi Seu olhar que a tantos trouxe o perdão Foram seus pés que andaram por cima do mar Ele abriu mão de Sua glória; desceu do céu pra mudar toda a história para sempre Quem sou eu pra não ver? Quem sou eu pra não crer? Quem sou eu pra detê-lo em meus limites? Quem sou eu pra mudar? Quem sou eu pra fugir? Quem sou eu? Diante dEle quem sou eu? Todo o sofrer Ele tomou sobre si E a nossa paz com sua morte comprou. Foram feridas e dores que nos trouxeram a vida; plena vida; vida sem fim. O

CAINDO NA REDE CERTA

     Na obra “Grande Sertão: Veredas”, do genial contista e romancista, Guimarães Rosa, há uma afirmativa interessante, passível de reflexão: “Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa...”. Tendo a vida como base para uma análise contemplativa, assim também mencionou o compositor Belchior: “Viver é melhor que sonhar”.                  Pode-se ir mais além, tendo o mesmo tema como modelo, tomando como parâmetro o mundo pós-moderno, globo desenfreado de ilusões, um campo de batalha sangrenta, uma luta árdua pela sobrevivência, na tentativa de se achar um lugar ao sol. O capitalismo vem tomando proporções gigantescas e tem consumido valores imprescindíveis para se alcançar a vitória em meio ao caos. Vive-se uma fase da história em que os padrões éticos e morais estão extremamente escassos, pois o que realmente importa é o sucesso a todo custo. Isso tem gerado inúmeras insatisfações e queda

REMOVENDO AS ESCAMAS

    Que sentindo tem acordar todos os dias? Qual a graça de viver nesse mundo? Esses são alguns dos questionamentos que têm feito as pessoas perderem algumas características peculiares de humanos, deixando os sentidos e sentimentos amortizados numa atmosfera de puro desencanto pela vida, tornando os dias da existência numa velha roupa desbotada pelo tempo.       O desassossego tem sido o maestro do século XXI, a cadência rítmica que rege a pós-modernidade é a pressa agonizante da busca frenética pelo sucesso e nesse compasso febril as almas vão se enferrujando, desprendendo-se do sonho de Deus: a contemplação de sua criação e o propósito de adorá-lo. As famílias estão esfaceladas e já não podem realizar suas refeições com todos os membros unidos, pois a televisão, o computador e outros aparatos tornaram-se agregados a esse convívio, muito mais importantes que os laços sanguíneos, roubando a cena da comunhão. Os elementos da natureza já não fazem a menor diferença, tornaram-se comuns de

O SOFRIMENTO PRODUZ BONS FRUTOS

     Este foi o primeiro artigo que escrevi no ano de 2010. Durante um tempo em silêncio, muitas coisas aconteceram e posso compartilhar dessa experiência, caros leitores, de algo que acontece não só no meio cultural, mas a todos que têm aptidões para o mundo das artes.      Analisando alguns mestres da literatura universal, bem como outros intelectuais de diversas áreas ligadas à produção artística, pude compreender que a dor é um elemento fundamental para a motivação, ela propicia um estágio criativo, fazendo trabalhar a mola propulsora que lateja no coração daquele que carrega em suas entranhas o dom natural da produção, um presente de Deus para alguns dos escolhidos.      Durante o século XIX, os poetas da fase denominada mal-do-século, período romântico que era liderado por escritores conceituados, tais como Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu, realizaram suas principais produções literárias nos momentos de extremo sofrimento. Os modernistas Vinícius de Morae

TUDO FORA DO LUGAR

      É evidente que a mídia exerce um poder de persuasão incontestável, haja vista a força exercida pelos programas de televisão, além de outro meio de comunicação ainda imponente: o rádio, mas é lamentável saber que todo esse domínio está concentrado ultimamente nas banalidades, no trivial, no ordinário, alienando e escravizando uma massa populacional que não tem acesso à verdadeira essência da arte.      A programação da televisão brasileira tem se tornado cada vez mais medíocre, usando temas degradantes como a sensualidade, além de insistir em colocar no topo do sucesso as débeis e fracassadas canções dos gêneros identificados hoje em dia como “a onda do Calypso”. O mais triste é saber que o povo está acreditando nessa febre, pensando ser possuidor de uma cultura que não existe e o que é pior, tendo como base uma arte fajuta, de modismos, assim como as estações do ano que têm seu tempo limitado e logo se extinguem, porém a culpa não é apenas do povo, mas da mídia que não divulga a

CHAFURDANDO NA LAMA

     São extremamente preocupantes as manifestações acerca das ondas do consumismo, suas banalidades febris, modismos e afins.       No final do século XIX e começo do século XX, as rodas de choro foram responsáveis pela consistência da nossa cultura, com destaque para os artistas João Pernambuco e Ernesto Nazareth, sendo vitais para a formação da linguagem do gênero. Nos anos 20 e 30, além da Semana de Arte Moderna que foi uma enorme contribuição literária, surgiram outros destaques como Heitor Villa Lobos e Pixinguinha. Já nos anos 30, 40 e 50 a cultura musical continuou agregando valores à história brasileira, aparecendo nomes importantes como Carmem Miranda, Severino Araújo, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Herivelton Martins, Nelson Gonçalves, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Noel Rosa, Cartola, Ary Barroso e tantas outras personalidades que preservaram o compromisso com a arte. Em 1958, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, com

A VOZ DO POVO NUNCA FOI A VOZ DE DEUS

     Quem quer que tenha sido o autor desse ditado: “A voz do povo é a voz de Deus”, foi muito infeliz e imaturo, além de pintar a imagem de uma pobre soberania divina, pois se esqueceu de desvinculá-lo do âmbito cultural.      É bem verdade que o povo clama por justiça, respeito, dignidade, fraternidade, paz, amor, termos estes que fazem parte da essência de Deus, de Seu caráter santo, mas quando o assunto é arte, destoa de tal afirmação. O Criador de todas as coisas também é o distribuidor de dons e talentos, tendo presenteado os seres humanos com inúmeras capacidades intelectuais ao longo de toda a evolução histórica: Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), por exemplo, o genial compositor austríaco, com seu poderoso talento e expressão versátil, um verdadeiro prodígio, iniciando sua carreira de pianista aos quatro anos de idade e aos seis, realizando sua primeira turnê pela Europa, sendo admirado e aplaudido por todas as classes sociais, foi agraciado pela generosidade do “Divino Maes