Nos
dias 20 e 21 de julho deste ano, os pequis de Goiás fundiram-se ao baião de
dois nordestino, ornamentando o palco onde se realizou a 10ª Festa da Família
Lacerda. Goiânia, Campo Grande, Cuiabá, Brasília, Campinas, Pedro Gomes, Sonora, Rondônia
e até os Estados Unidos despejaram 149 adultos e 10 crianças no evento
memorável.
A festa iniciou-se com a presença de 28
tripulantes da TAM, dentre eles a companhia inesquecível de minha mãe. A
parentela se esparramou pelos assentos do avião. As pilhérias não obedeciam ao
uso do cinto de segurança e vez ou outra escapavam pelos corredores. Ao
desembarcarem no aeroporto Santa Genoveva, o motorista que iria levá-los para a
sede do furdunço nem precisou das placas de identificação, pois de longe os
cabelos brancos e a zoada já denunciavam os passageiros. A receptividade
calorosa dos demais entes queridos já proporcionava uma chegada ao verdadeiro
habitat. Foi só abandonar as malas nos dormitórios e cair na folia. Era como se
toda essa gente vivesse dentro de um enorme barracão, entrecortado de redes.
Daí em diante, a fogueira dos ancestrais se acendeu no coração de cada
indivíduo e a flâmula, com seu brasão, permaneceu hasteada até o último
instante.
Os dez barris de chopp aplacavam a sede,
bastava abrir as torneiras e o elixir gelado escorria nas canecas, sem contar
os inúmeros litros de uísque que também circulavam sem modéstia. No trajeto,
quase sempre engarrafado pelos transeuntes, rodas de parentes se revezavam. Os
risos frouxos e sotaques eram ensurdecedores, só perderam para a banda de rock
que metralhou alguns sucessos na pista de dança, tornando a festa temática ao
extremo. Na primeira canção, a vocalização esganada lembrou a primeira aventura
hard no pau de arara, liderada pelo heroico João Lacerda Leite, em 1952,
trazendo consigo uma leva de cearenses que sonhavam com o desconhecido Mato
Grosso do Sul. A banda encerrou com outra viagem ao tempo, destilando a fúria
na guitarra que retomava a festa de 15 anos de Tio Cícero. As lavas do vulcão
escorreram pelo salão e acima do palco, o pôster do líder da primeira expedição
vibrava como uma britadeira, quase despencando da parede. Outro momento
inusitado foi a presença do Delegado de Polícia, João Bosco, juntamente com seus
comparsas do FBI. A equipe encontrou vestígios de um crime no banheiro e nas
mesas de sinuca. Iniciou-se o processo investigatório, evidenciando os dois
principais suspeitos: Dalai, que durante a madrugada havia demonstrado suas
habilidades no cangapé e Bivis, que passou horas tentando encaçapar a oito. Na
manhã de domingo, em menos de três horas de trabalho, o caso já estava
resolvido, mas por uma questão de ética profissional não é possível revelar o
nome do dito cujo. Vale também ressaltar que o evento foi marcado pela presença
de alguns artistas renomados, tais como Joelma (sem o Chimbinha); o compositor
de “Mexe as cadeiras”, o talentoso Vinny e Teodoro, sem o parceiro Sampaio, que
distribuiu autógrafos para todos os fãs que o cercavam.
No encerramento, os anfitriões, juntamente
com os demais organizadores, anunciaram a próxima festa a ser realizada na
cidade morena, em 2014. Neste momento, já em estado de êxtase, pude ouvir duas
vozes: o da minha avó Felícia, balançando a cabeça, sussurrando: “Eita povo
acanalhado” e a de Deus, gritando dentro do peito: Tenha fé, você vai estar lá!
Maravilhoso esse texto, retrata fielmente o que foi esse momento maravilhoso que vivenciamos em família....
ResponderExcluirBjus!!
Esse texto resume brevemente o transcorrer dos dois dias de folia, uma estupenda felicidade coletiva que enpreguina nosso coração de um amor trancedental e vigoroso que nos enche de orgulho de ser dessa familia impar.
ResponderExcluirParabens, que Deus te proteja sempre..
Família que tem poeta, cantor, músico, compositor, escritor, professor, repetentista, filósofo, pensador e contador de casos, é abençoada por Deus.
ResponderExcluirApenas como exercício de retórica, se admitirmos que a Divindade praticou alguma injustiça, certamente foi por dar demais à Família LACERDA. Deu tanto que quase não sobrou nada para as outras pobres famílias.
É o que podemos perceber na verve deste caboclo-poeta da geração nova, o grande Beto, que parece representar uma síntese desse amontoado de qualidades artístico-culturais inerentes aos ancestrais da tão aquinhoada família.
Nada melhor para inebriar a alma como a boa Música, a Poesia e a Prosa de qualidade. A minha alma embriagou-se ao discorrer sobre o tênue lirismo nas linhas de ACANALHAMENTO ABENÇOADO.
Obviamente que o Poeta, fiel às suas origens e às fontes mais líndimas que alimentam a sua verve, em um gesto humilde, de justa reverência e perspicácia, engrandeceu sobremaneira a sua prosa ao lançar mão da deixa consubstanciada na expressão súbita e poética externada pela querida Tia Felícia em “Eta Povo Acanalhado”.
De minha parte que infelizmente não pude participar em corpo físico de tão oportuno e salutar congraçamento familiar, ficou registrado nas profundezes do meu ser a certeza da minha presença espiritual e a oitiva em auto e bom som da expressão proferida pela Tia Felícia, no exato momento em que a mesma foi proferida.
Parabéns ao Poeta e a todos os membros da família LACERDA, de modo especial à Marilú e aos demais colaboradores na organização carinhosa do evento de congraçamento fraterno em Goiânia.
Estamos todos endividados. Que a moeda do verdadeiro AMOR FRATERNO cresça e se prolifere no seio desta família, assim como tem germinado e proliferado os mais diversos dotes artísticos e culturais. Tonheiro
Realmente é maravilhoso recordar os dois dias de festa em um texto que expressa a grandeza desta família maravilhosa, foi maravilhosa participar dessa alegria e como já havia mencionado: Não importa a distância, sempre haverá um pouco de nós em cada membro da 'FAMÍLIA LACERDA". Parabéns pelo belo texto, como sempre né primo Beto Lacerda!!!!!
ResponderExcluir