Todas as festas possuem características semelhantes: confraternização, sorriso frouxo, afeto, muita comida, bebida à vontade, mas quando os participantes são nordestinos e correm em suas veias o sangue “Lacerda” aí a comemoração envereda-se por outro rumo. Para o entendimento completo da situação é necessário estar no meio dessa gente, mas nesse artigo tentarei descrever de forma minuciosa alguns momentos marcantes, na intenção de não deixar escapar a realidade vivenciada.
No dia 21 de julho de 2012, logo pela manhã, os participantes que chegavam ao Tênis Clube de Pedro Gomes já manifestavam os primeiros lampejos de alegria. Os abraços e beijos eram distribuídos sem modéstia. São Paulo, Goiânia, Campo Grande, Cuiabá, Rondônia, Sonora, Coxim, Pedro Gomes e até os Estados Unidos formavam um nordeste a parte. A algazarra e o furdunço eram tantos que os transeuntes próximos ao local juravam estar presenciando uma briga.
À noite, pelo lado de fora do salão da Maçonaria, a fogueira de São Pedro também deu o ar de sua graça e os fogos riscaram o céu, sacramentando esse momento. Lá dentro, Selma Lacerda e os demais anfitriões (Célio e João Bosco) davam as boas vindas aos ilustres convidados, além de um breve relato sobre a trajetória de Pedro Lacerda (nossa ancestral raiz), juntamente com sua prole para arraigarem-se com suas alpercatas em solo Sul-Mato-Grossense. Enquanto isso, embaixo das mesas, os pés dos familiares pinicavam na vontade de arrastarem as chinelas. O sanfoneiro e seus comparsas deram início ao evento musical, executando polcas, guarânias, chamamés, rasqueados, vanerões, mas o grande momento artístico ainda estava por vir. De repente, o som cessou por uns instantes e Hélio Lacerda atracou-se ao violão, debulhando xotes, baiões e forrós de Luiz Gonzaga. Foi como jogar fogo em um tambor de gasolina. Enquanto isso, Célio distribuía as réplicas de chapéus de couro que mal abarcavam as cabeças nordestinas. O salão fumegava, o chão virou um braseiro só, os quadris sacolejavam freneticamente e as horas pareciam se esquecer de avançar. A felicidade tomou conta do ambiente e fez o tempo parar. A euforia vazava pelas frestas das janelas e aqueciam a noite fria da pacata cidade. Permaneci na entrada principal, por alguns instantes e vislumbrei minha mãe rodopiando pelo salão. Há tempos não a via tão feliz assim. Emocionei-me.
No último dia (domingo) não foi diferente, a fartura não era só de churrasco e cerveja, mas de vidas repletas de amor. As pilhérias eram soltas como pipas e elevavam ainda mais o nosso rico senso de humor. Tudo era unânime, como uma família dentro de uma única casa. De quebra, numa demonstração magistral de humildade e simplicidade, Tio Luís encerrou o evento com seu discurso, fazendo com que os canudos acadêmicos de quem os possuísse ou qualquer outro estudo aprofundado ficassem engavetados, pois suas palavras soaram como uma lição de vida. Nesse momento era como se ele mudasse os versos de Humberto Teixeira: "Januários, respeitem seu Luís".
Quem disse que a farra acabou? Ainda ouço o marulho das ondas sonoras reverberarem dentro do peito. Fecho os olhos e vislumbro esse marco histórico. A festa ainda ecoa. Todo Lacerda sabe ouvir.
Parabéns primo! De fato o evento foi maravilhoso e sua palavras traduzem bem a emoção que sentimos e que ainda nos arrepia quando lembramos da festa. A euforia contagia a ponto de motivar algumas pessoas a começarem a se organizar para a próxima festa ano que vem. Eu não perco essa, que venha a 10ª Festa da Família Lacerda - Goiânia - GO - BRASIL.
ResponderExcluirPrimo, gostei muito de como descreveu nossa festa!! Sou filha do Célio, e também possuo um blog.. passa lá também. Te linkei lá (:
ResponderExcluirUm beijo !
Foi sensacional e o seu texto mostrou com sutileza e simplicidade o que vivemos nos dois dias com os parentes de sangue, principalmente com as emoções à flor da pele, por ter acontecido na terra que acolheu os nossos antepassados.
ResponderExcluirParabéns cabra!
Rafael Lacerda
O texto fico excelente e descreve muito bem esse momento mais que especial, que todos nós da família Lacerda pudemos vivenciar... Agora é aguardar a próxima, que com toda certeza será ainda melhor....
ResponderExcluirParabéns!!
Bjus da titia - Vilma Lacerda
Beto, descrever a festa dos Lacerda's ocorrida agora em julho não é difícil, pois cada um tem uma história de vida que, somadas e contadas, não seria possível colocar em centenas de livros. Porém,você,de forma sutil e abrangente, descreveu a grande emoção de ter vivenciado e nos fazendo relembrar com muita saudade, momentos inesquecíveis, e para vivê-los novamente, somente indo a Goiânia no ano que vem.
ResponderExcluirAbraço.