Pular para o conteúdo principal

PRECISO SER

Preciso andar ligeiro
acordar cedo
Ir à igreja
Bater cartão
Andar na moda
Comer salada
Ser aprovado
Pelo patrão

Preciso saber nadar
Subir escada
Lavar o carro
Fugir do não
Encolher os ombros
Estancar o choro
Aprender o ofício
De olhar pro chão

Preciso aceitar o açoite
Ser muito forte
Esquecer a morte
Saber a direção
Abrir o sorriso
Acostumar com a saudade
Encarar a dor
De andar na contramão

Preciso ser discreto
Assoviar mansinho
Pisar macio
Pelo salão
Gostar de sítio
Ganhar dinheiro
Economizar
Fugir da ilusão

Preciso andar com rédeas
Quebrar os discos
Ouvir as regras da sociedade
Manter-se na posição
Virar fantoche
Respirar, até pode
Contanto que sobre
Oxigênio nesse balão

Preciso ser outro homem
Agradar a todos
Negar a tudo
Não sair de encenação
Apenas para Deus
Não preciso ser
Além do que sou
Aqui dentro do coração

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MATANDO O FRANGO

     O Criador absoluto de todas as coisas, em sua infinita misericórdia, resolveu se revelar ao homem através da morte e ressurreição do seu filho amado, Jesus Cristo, bem como manifestando a sua vontade evidenciada na Bíblia, mas também tem usado homens e mulheres como canais de bênçãos sobre a terra.  Assim ele o fez quando permitiu que alguém me trouxesse uma realidade tão evidente, porém em uma frase aparentemente tosca e rudimentar: “Você precisa matar o frango”. Tal expressão ficou martelando meus neurônios durante dias e a compreensão exata dessa comparação trouxe um ensinamento valioso que precisa ser colocado em prática, mas não é tão simples assim.       No Evangelho de João, capítulo 3, versículo 3, há um processo que desencadeia a libertação, isso acontece quando alguém entende que está terminantemente perdido, enlaçado nas tramas do pecado, gerando arrependimento por tais práticas, trazendo o entendimento...

Policarpo

     Hoje o Policarpo me deu o ar de sua graça, mas de seu xará literário, o Quaresma, não tem nada de quixotesco, ostenta apenas o ofício de ceder sua monta. O baita reconheceu logo minha hesitação em desconfiar de sua submissão, mesmo assim apenas murchou as orelhas pardas e partiu a dividir comigo seu mundo.      Marcelo, Ilto e Almiro iam troteando à frente; e enquanto meu companheiro cumpria sua tarefa árdua naquelas veredas, estupefato o admirava pela resiliência em suportar o montador e as pedras que fustigavam seus cascos. Na sela não iam apenas o peso do corpo, as lembranças de meu pai, a saudade de minha mãe, mescladas à alegria de contemplar todo cenário que guarneceria minha família, vinham na garupa, mas o animal não reclamava, seguia firme sua jornada.      No trajeto de volta, em meio à chuva que regia a estreia da aventura, já acostumado com a lida, abocanhou a forrageira, ouviu minhas orações e pareceu ter compreendido o tal ...

Terra abençoada

Escanchado em meu alazão  Pelas veredas saí garimpando Olhos sedentos, voz entoando Cada canto desse meu rincão  Se estava sonhando ou acordado Ia juntando no alforge, em meu afã Drummond, Milton, Cordel  Euclides, Sivuca, Noel Patativa, Vinícius, Djavan Eita, que país arretado! O sabiá do Dias em meu ombro pousou enquanto cantava, mais relíquias eu via Caymmi, Elis, Machado, quanta alegria! Matizes de encanto, um show! Riquezas que não abdico Cabral, Ivan, Caetano, Tarsila Francis, Edu, Bilac, Heitor, Gil É um espetáculo esse Brasil! Do Gonzaga, do Tom e do Villa Do Ary, do Rosa, da Cecília e do Chico. Só aqui tem Lobato e Iracema mugunzá, caruru, vatapá  tucupi, dendê, açaí, tacacá Amazonas, saudade, Ipanema Lugar onde apoita a felicidade. Apiei o cavalo e fiz uma prece não pude continuar a jornada De lágrimas, a camisa encharcada, Será que tudo isso a gente merece? Disse-me Deus: é minha bondade!