Pular para o conteúdo principal

NOS TRILHOS DA GRATIDÃO

        Durante os dias que estive no Hospital do Câncer, como acompanhante da paciente Maria de Lourdes Matos Lacerda, minha mãezinha querida, durante o mês de maio de 2015, na inesquecível cidade morena, vivenciei algumas lições que levarei como eterno aprendizado: em primeiro, a consciência plena da estrutura humana, sua condição frágil de pó, o quão necessitado somos uns dos outros, por compartilharmos os mesmos sentimentos de dor, medo e angústia.
       É exatamente nessas horas que o ego despenca de seu pedestal e, capenga, vislumbra que tudo nesta vida não passa de vaidade e ilusão.
    Em segundo, a admiração por essa nobre e idônea profissão, em que médicos e enfermeiros se desdobram para proporcionar o melhor atendimento aos pacientes. Nessa tarefa árdua de lidar com vidas, percebi que o dom divino aflora nos gestos e atitudes de bondade que exalam generosamente de seus ofícios de exercer o bem.
       Diante de tal realidade, seria uma extrema ingratidão se não deixasse de registrar meus agradecimentos a todos que participaram efetivamente desta equipe: os diplomados (médicos, fonoaudiólogos, enfermeiros, nutricionistas) e demais funcionários, (limpeza, alimentação e outros) os quais merecem as mesmas lisonjas.
       Mais injusto ainda, seria não agradecer a quem proporcionou todas as despesas: meu pai. Foi ele o responsável por minha estadia em Campo Grande, a fim de que essa experiência de vida me fosse concedida.
    No mesmo norte, vale salientar a importância da participação de pessoas que, espontaneamente, demonstraram gestos nobres de humanidade: Ivanilde e Sinésio, que mesmo sem ter nenhum vínculo sanguíneo com o cronista, desempenharam-se como se o fossem, cumprindo o papel de anjos.
       Os aplausos mais extremosos e confetes, lanço-os a Deus, o distribuidor desses dons e talentos, o qual me concedeu a sensibilidade e percepção necessárias para registrar esse fato memorável. 
        

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MATANDO O FRANGO

     O Criador absoluto de todas as coisas, em sua infinita misericórdia, resolveu se revelar ao homem através da morte e ressurreição do seu filho amado, Jesus Cristo, bem como manifestando a sua vontade evidenciada na Bíblia, mas também tem usado homens e mulheres como canais de bênçãos sobre a terra.  Assim ele o fez quando permitiu que alguém me trouxesse uma realidade tão evidente, porém em uma frase aparentemente tosca e rudimentar: “Você precisa matar o frango”. Tal expressão ficou martelando meus neurônios durante dias e a compreensão exata dessa comparação trouxe um ensinamento valioso que precisa ser colocado em prática, mas não é tão simples assim.       No Evangelho de João, capítulo 3, versículo 3, há um processo que desencadeia a libertação, isso acontece quando alguém entende que está terminantemente perdido, enlaçado nas tramas do pecado, gerando arrependimento por tais práticas, trazendo o entendimento...

Policarpo

     Hoje o Policarpo me deu o ar de sua graça, mas de seu xará literário, o Quaresma, não tem nada de quixotesco, ostenta apenas o ofício de ceder sua monta. O baita reconheceu logo minha hesitação em desconfiar de sua submissão, mesmo assim apenas murchou as orelhas pardas e partiu a dividir comigo seu mundo.      Marcelo, Ilto e Almiro iam troteando à frente; e enquanto meu companheiro cumpria sua tarefa árdua naquelas veredas, estupefato o admirava pela resiliência em suportar o montador e as pedras que fustigavam seus cascos. Na sela não iam apenas o peso do corpo, as lembranças de meu pai, a saudade de minha mãe, mescladas à alegria de contemplar todo cenário que guarneceria minha família, vinham na garupa, mas o animal não reclamava, seguia firme sua jornada.      No trajeto de volta, em meio à chuva que regia a estreia da aventura, já acostumado com a lida, abocanhou a forrageira, ouviu minhas orações e pareceu ter compreendido o tal ...

Terra abençoada

Escanchado em meu alazão  Pelas veredas saí garimpando Olhos sedentos, voz entoando Cada canto desse meu rincão  Se estava sonhando ou acordado Ia juntando no alforge, em meu afã Drummond, Milton, Cordel  Euclides, Sivuca, Noel Patativa, Vinícius, Djavan Eita, que país arretado! O sabiá do Dias em meu ombro pousou enquanto cantava, mais relíquias eu via Caymmi, Elis, Machado, quanta alegria! Matizes de encanto, um show! Riquezas que não abdico Cabral, Ivan, Caetano, Tarsila Francis, Edu, Bilac, Heitor, Gil É um espetáculo esse Brasil! Do Gonzaga, do Tom e do Villa Do Ary, do Rosa, da Cecília e do Chico. Só aqui tem Lobato e Iracema mugunzá, caruru, vatapá  tucupi, dendê, açaí, tacacá Amazonas, saudade, Ipanema Lugar onde apoita a felicidade. Apiei o cavalo e fiz uma prece não pude continuar a jornada De lágrimas, a camisa encharcada, Será que tudo isso a gente merece? Disse-me Deus: é minha bondade!