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SOPRO DE DEUS

Aqui em Rondônia o sol reina soberano
Trabalhador incansável
Não tem feriado
Não tira férias
E à noite ainda faz hora extra
Estendendo seus raios invisíveis

Pela manhã
Sem dar tréguas
Lá está ele com sua cara vermelha
Enfurecido
Pronto para tostar minha pele

Desobedece as leis das estações
Compra briga com a lua
Rompe amizade com as nuvens
Engabela o vento
Aterroriza a terra
Afugenta as chuvas
Não barganha com ninguém

Em agosto seu ego se inflama
Torna-se pedante, intragável
Sua cólera visceral empomba
Então veste sua capa escarlata
E desfila galante
Exibindo sua arrogância mórbida

Às vezes ele se dá mal
Quando isso acontece
Murcha as orelhas
Afina a voz
Esconde seu sorriso amarelo
E se desfaz ao simples
Sopro frio de Deus
para aquecer meu coração campograndense.

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