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Mostrando postagens de 2025

Terra abençoada

Escanchado em meu alazão  Pelas veredas saí garimpando Olhos sedentos, voz entoando Cada canto desse meu rincão  Se estava sonhando ou acordado Ia juntando no alforge, em meu afã Drummond, Milton, Cordel  Euclides, Sivuca, Noel Patativa, Vinícius, Djavan Eita, que país arretado! O sabiá do Dias em meu ombro pousou enquanto cantava, mais relíquias eu via Caymmi, Elis, Machado, quanta alegria! Matizes de encanto, um show! Riquezas que não abdico Cabral, Ivan, Caetano, Tarsila Francis, Edu, Bilac, Heitor, Gil É um espetáculo esse Brasil! Do Gonzaga, do Tom e do Villa Do Ary, do Rosa, da Cecília e do Chico. Só aqui tem Lobato e Iracema mugunzá, caruru, vatapá  tucupi, dendê, açaí, tacacá Amazonas, saudade, Ipanema Lugar onde apoita a felicidade. Apiei o cavalo e fiz uma prece não pude continuar a jornada De lágrimas, a camisa encharcada, Será que tudo isso a gente merece? Disse-me Deus: é minha bondade!

Escafandrista

     Muito além de cumprir minhas atribuições profissionais na instituição, hasteando a bandeira da cultura, convicto do meu papel como educador, imergi no Centro Universitário São Lucas, de Ji-Paraná, Rondônia, com as turmas de Teoria Geral do Direito, Direito de Família, Português Jurídico, Hermenêutica Jurídica e Prática Forense, nas águas escaldantes da beleza, e juntos fomos colhendo as ostras que guarneciam as pérolas da música e literatura. Antes de mergulharmos, avisei aos marujos: - Passaremos o primeiro semestre de 2025 mergulhados, mas fiquem tranquilos, a lanterna da arte iluminará nosso caminho. O tempo foi passando e alguns abandonaram a missão, buscando o ar poluído que circula lá fora, os demais permaneceram sustentados pelo oxigênio puro das discussões que eram extraídas das citações apresentadas em sala, culminadas a diversas temáticas desenvolvidas a cada encontro.       Ainda guardo vivo na memória os companheiros ancorados comigo n...

Felisbela

Feliz é a alma daquele que viveu  permeado de amor Bela é a revoada dos tios e primos Que se alvoroçavam  naquela mangueira e ainda se aninham empoleiradas nas minhas retinas tão cheias de saudade Feliz era o momento em que ouvia  o assoviar improvisado de meu avô  Bela performance  compondo sons inusitados que ainda reverberam na alma carente de sua presença  Feliz era ouvir aquela doce voz Bela e quase que inaudível  para receber os mimos  de suas mãos repletas de ternura Feliz era a mesa sempre farta  Bela refeição jamais esquecida ainda posta e convidativa para saciar minhas memórias  Feliz era esta casa encantada Bela construção  adornada de lembranças  interligando três vias rua Machado de Assis à Avenida Belo Horizonte em confluência às veias do coração Feliz, sempre presente Bela, nunca esquecida Felisbela Minha avó querida!

Policarpo

     Hoje o Policarpo me deu o ar de sua graça, mas de seu xará literário, o Quaresma, não tem nada de quixotesco, ostenta apenas o ofício de ceder sua monta. O baita reconheceu logo minha hesitação em desconfiar de sua submissão, mesmo assim apenas murchou as orelhas pardas e partiu a dividir comigo seu mundo.      Marcelo, Ilto e Almiro iam troteando à frente; e enquanto meu companheiro cumpria sua tarefa árdua naquelas veredas, estupefato o admirava pela resiliência em suportar o montador e as pedras que fustigavam seus cascos. Na sela não iam apenas o peso do corpo, as lembranças de meu pai, a saudade de minha mãe, mescladas à alegria de contemplar todo cenário que guarneceria minha família, vinham na garupa, mas o animal não reclamava, seguia firme sua jornada.      No trajeto de volta, em meio à chuva que regia a estreia da aventura, já acostumado com a lida, abocanhou a forrageira, ouviu minhas orações e pareceu ter compreendido o tal ...