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Mostrando postagens de 2025

Escafandrista

     Muito além de cumprir minhas atribuições profissionais na instituição, hasteando a bandeira da cultura, convicto do meu papel como educador, imergi no Centro Universitário São Lucas, de Ji-Paraná, Rondônia, com as turmas de Teoria Geral do Direito, Direito de Família, Português Jurídico, Hermenêutica Jurídica e Prática Forense, nas águas escaldantes da beleza, e juntos fomos colhendo as ostras que guarneciam as pérolas da música e literatura. Antes de mergulharmos, avisei aos marujos: - Passaremos o primeiro semestre de 2025 mergulhados, mas fiquem tranquilos, a lanterna da arte iluminará nosso caminho. O tempo foi passando e alguns abandonaram a missão, buscando o ar poluído que circula lá fora, os demais permaneceram sustentados pelo oxigênio puro das discussões que eram extraídas das citações apresentadas em sala, culminadas a diversas temáticas desenvolvidas a cada encontro.       Ainda guardo vivo na memória os companheiros ancorados comigo n...

Felisbela

Feliz é a alma daquele que viveu  permeado de amor Bela é a revoada dos tios e primos Que se alvoroçavam  naquela mangueira e ainda se aninham empoleiradas nas minhas retinas tão cheias de saudade Feliz era o momento em que ouvia  o assoviar improvisado de meu avô  Bela performance  compondo sons inusitados que ainda reverberam na alma carente de sua presença  Feliz era ouvir aquela doce voz Bela e quase que inaudível  para receber os mimos  de suas mãos repletas de ternura Feliz era a mesa sempre farta  Bela refeição jamais esquecida ainda posta e convidativa para saciar minhas memórias  Feliz era esta casa encantada Bela construção  adornada de lembranças  interligando três vias rua Machado de Assis à Avenida Belo Horizonte em confluência às veias do coração Feliz, sempre presente Bela, nunca esquecida Felisbela Minha avó querida!

Policarpo

     Hoje o Policarpo me deu o ar de sua graça, mas de seu xará literário, o Quaresma, não tem nada de quixotesco, ostenta apenas o ofício de ceder sua monta. O baita reconheceu logo minha hesitação em desconfiar de sua submissão, mesmo assim apenas murchou as orelhas pardas e partiu a dividir comigo seu mundo.      Marcelo, Ilto e Almiro iam troteando à frente; e enquanto meu companheiro cumpria sua tarefa árdua naquelas veredas, estupefato o admirava pela resiliência em suportar o montador e as pedras que fustigavam seus cascos. Na sela não iam apenas o peso do corpo, as lembranças de meu pai, a saudade de minha mãe, mescladas à alegria de contemplar todo cenário que guarneceria minha família, vinham na garupa, mas o animal não reclamava, seguia firme sua jornada.      No trajeto de volta, em meio à chuva que regia a estreia da aventura, já acostumado com a lida, abocanhou a forrageira, ouviu minhas orações e pareceu ter compreendido o tal ...