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ÊXTASE E CONSTERNAÇÃO

Na noite desta quarta-feira, 22 de junho de 2016, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, aconteceu a 27ª edição do Prêmio da Música Brasileira. Esta declaração de amor a nossa cultura nacional nasceu com o Prêmio Sharp, em 1987, que posteriormente passou a se chamar de Prêmio Tim de Música. Vários artistas brasileiros já foram merecidamente homenageados: Tom Jobim, João Bosco, Noel Rosa, Dona Ivone Lara, Clara Nunes, Dominguinhos, Zé Keti, Jair Rodrigues, Baden Powell, Lulu Santos, Ary Barroso, Gal Costa, Jackson do Pandeiro, Rita Lee, Milton Nascimento, Elis Regina, Gilberto Gil, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Luiz Gonzaga, Elizeth Cardoso, Maysa, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Maria Bethânia e desta feita, retratando a vida e a obra do cantor e compositor Gonzaguinha, que completaria 71 anos neste ano.
A célebre noite iniciou-se com o clássico “Com a perna no mundo”, na interpretação inconfundível de Alcione; Ângela Rô Rô e Luiz Melodia arrasaram no palco com “Grito de alerta”; Filipe Catto e Simone Mazzer destilaram “Sangrando”; Criollo incorporou a canção “Comportamento geral”; Ney Matogrosso, aos 75 anos de idade, em plena forma, com a voz ainda impecável e seu estilo único, emocionou o público com “Explode coração”; João Bosco, exímio violonista, destrinchou “Galope”; Elza Soares relembrou “O que é, o que é” e Seu Jorge encerrou o evento com o samba “É”. A banda que acompanhou todos os artistas contou com os arranjos de João Carlos Coutinho (piano), além dos músicos da estirpe de Kiko Freitas (bateria), Rômulo Gomes (baixo), dentre outros.
As categorias revelaram os premiados: Zélia Duncan (cantora de samba e melhor canção “Antes do mundo acabar”) Alfredo Del-Penho (cantor de samba), Moacyr Luz e Samba do Trabalhador (grupo de samba), Xangai e Elba Ramalho (cantores regionais), Almir Sater e Renato Teixeira (dupla regional), Adriana Calcanhoto, (DVD, Adriana Calcanhoto canta Lupicínio Rodrigues), Gal Costa e Lenine (cantores Pop/Rock/Hip-hop/Funk), Titãs (Grupo Pop/Rock/Hip-hop/Funk - Elza Soares, melhor álbum),  Fafá de Belém e Roberto Carlos (cantores - canção popular), Simone Mazzer (revelação), Caetano Veloso (cantor MPB e melhor álbum “Dois amigos, um século de música, ao lado do parceiro, Gilberto Gil), Virgínia Rodrigues (cantora MPB). No quesito instrumental, Yamandu Costa e Rogério Caetano levaram o prêmio de melhor álbum “Tocata à amizade”, Hamilton de Holanda (instrumentista solo) e Guinga (arranjador – álbum “Porto da Madama”).
A cerimônia, com quase três horas de duração, foi transmitida ao vivo pelo Canal Brasil, exclusivo somente para assinantes, é claro, vez que em canais abertos somente a mediocridade sonora tem espaço garantido. Diante dos meus olhos marejados e contemplativos, brindei a vida, pude vislumbrar a enorme contribuição da Música Popular Brasileira, algo que já absorvo ao longo de quase trinta anos, grato a Deus por ter me proporcionado este momento, no camarote do meu quarto, degustando esses petiscos saborosos, juntamente com os compositores, instrumentistas, intérpretes, produtores, diretores e a crítica, mas é lamentável que a grande parte do povo brasileiro não tenha sido convidado para a festa e permanece raquítico, miseravelmente desnutrido.   

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