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Mostrando postagens de junho, 2016

LIÇÃO DIVINA

      Neste fim de semana (25 e 26 de junho de 2016), a vida me pregou uma lição: a importância da morte para conscientização da humanidade sobre sua condição de pó.        No auge da existência, aos 32 anos de idade, um infarto fulminante ceifou a jovem Lenice, deixando quatro filhos órfãos. O impacto dilacerante da dor, no primeiro momento, é apenas encarado como crueldade e injustiça, mas há um lado benéfico difícil de ser absorvido, mas que nestas condições adversas forçam os viventes a caírem do egoísmo entronizado, cedendo lugar à fragilidade e uniformização de todos. São nesses momentos de desespero e escuridão que a reflexão acontece como freio para toda nossa pretensão de onipotência. As lágrimas unem-se, os abraços entre parentes e amigos são mais cálidos, espontâneos, demostrando o quanto precisamos uns dos outros e que não há tempo a perder. A saudade também é outra ferramenta usada pelas mãos do Criador, estímulos para trazer à tona tudo o que era precioso e agora se fo

ÊXTASE E CONSTERNAÇÃO

Na noite desta quarta-feira, 22 de junho de 2016, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, aconteceu a 27ª edição do Prêmio da Música Brasileira. Esta declaração de amor a nossa cultura nacional nasceu com o Prêmio Sharp, em 1987, que posteriormente passou a se chamar de Prêmio Tim de Música. Vários artistas brasileiros já foram merecidamente homenageados: Tom Jobim, João Bosco, Noel Rosa, Dona Ivone Lara, Clara Nunes, Dominguinhos, Zé Keti, Jair Rodrigues, Baden Powell, Lulu Santos, Ary Barroso, Gal Costa, Jackson do Pandeiro, Rita Lee, Milton Nascimento, Elis Regina, Gilberto Gil, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Luiz Gonzaga, Elizeth Cardoso, Maysa, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Maria Bethânia e desta feita, retratando a vida e a obra do cantor e compositor Gonzaguinha, que completaria 71 anos neste ano. A célebre noite iniciou-se com o clássico “Com a perna no mundo”, na interpretação inconfundível de Alcione; Ângela Rô Rô e Luiz Melodia arrasaram no palco com “Grito de alerta”;

ABDUZIDO

           Para pedras parecerem plumas, o processo trabalhoso de mudança se desenrolava com o porta-malas erguido, destilando sons homéricos de cancioneiros da Música Popular Brasileira e inserções jazzísticas que fluíam potentes do meu pioneer.           O ambiente transformou-se em estúdio particular e, por vezes, pista de dança que deixavam a tarde muito mais harmoniosa. Era um olho na lida e outro nos transeuntes que passavam rente à garagem. Caras contorcidas, testas franzidas, narizes tentando alçar voos, lábios cerrados, sussurros incompreensíveis, sibilos denunciando a vontade de abater-me como presa, múltiplos sentimentos avolumavam-se na face rubra dos passantes. Isso não era fruto de uma atitude vingativa, a fim de dar o troco aos infortúnios causados por essa gente que me cerca continuamente com seus massacres sonoros, apenas um convite ao prazer e à degustação.             De repente, o pintor surgiu para continuar seu trabalho. Parou por alguns minutos, coçou parte