Por
que somente agora resolveu registrar as lembranças vivenciadas nessa temporada
(07 de dezembro de 2014 a 08 de janeiro de 2015), se o tempo cumprindo seu
ofício de avassalar, já virou as costas para o evento e segue peregrinando
futuro afora? – perguntou o leitor ao cronista.
Mal sabe ele, que mesmo já em solo
rondoniense, ainda estou sobrevoando o céu da cidade morena. Pela janela do
avião, nuvens de algodão passam carregadas de lembranças torrenciais que
inundam esse coração sempre sedento de chuva. As rajadas de risos
destrabelhados dos entes queridos e amigos respingam nas janelas. Transponho
toda a cena repleta de lampejos que ornamentam a imensidão para o cardápio
preso à poltrona, mas a vista se embaralha e só vê o que a mente deseja: bobó
de camarão a la Ivanilde; lasanha a Madrinlurde; churrasquinho turco do Gazal;
bisteca assada em gengis khan, marinada entre arpegios e acordes da guitarra
Victoriana; calabresa temperada ao molho Téiu, folha de guaxo e pão Borba; linguiça dalainiana apimentada e "a pretinha etílica” que relembra minha loira Carina.
Infelizmente a aeromoça não vai poder me atender.
Neste cenário paradisíaco, nenhum urubu-rei,
vestindo sua jaqueta rotineira, ousa aventurar-se, estou seguro,
hermeticamente fechado no mundo recheado de histórias que trago guardadas na
bagagem.
- Atenção, tripulantes, preparados para
pousar – anunciou o comandante. Não foi possível distinguir o aviso, apenas a
voz de Deus ecoou firme: “Fique tranquilo, prepare-se para degustar, já anotei seu pedido”.
Comentários
Postar um comentário