Andava como quem vende ouro Sapato lustrado, camisa engomada Desembestava explicar pra que serve O que só reluz pro olho meu, a arte. Demorei desaprender Pelo que a salvação veio dia desses Disse um menino sabido: “Só o dono gava o toco” Embrenhei macega adentro Todo desarranjado Não topo com gente mais No muito é queixada e calango Do resto só eu, a catinga por trás da moita E bugio no oco dum pau podre Arremedando o fazimento De repente um arrepio fino no pé da nuca Era o poema se espremendo pra nascer Agarrei a liberdade pelo rabo E saí assobiando, todo entanguido Admirado com a obra pronta.
abstrações, devaneios, vestígios de som, respingos de arte, fé e vida que vazam pelas frestas da alma