Um dos maiores investimentos que se pode fazer é em viagens, conhecer as variedades culturais, compreender as tradições e os costumes, ouvir histórias, saborear pratos típicos, enfim, misturar-se com o povo de uma determinada região. Dentre esses universos, o nordeste é a que me arrebata. Apesar de não ter nascido por lá, sou parte dessa gente, uma vez que toda minha raiz familiar é derivada dessa abençoada terra.
Certa vez, com os olhos marejados de emoção, devido a uma reportagem que mostrava a cultura nordestina, minha esposa sentiu a necessidade de registrar esse momento em forma de poesia. Surpreendentemente, alguns minutos depois, o texto já estava pronto, uma espécie de homenagem, revelando a importância significativa desse ambiente e o fascínio que tudo isso me causa. Depois de lido, apenas dei sequência ao choro incontido.
Eis aí a veia artística aflorada nas palavras:
O caboclo que toca a sanfona velha,
anda com os pés descalços na terra.
O sopro da gaita na dança de quintal,
uma roda de gente simples sem dinheiro,
cheio de cultura de uma vida que não sabe
nem escrever como se chama,
esse é o cabra do nordeste
que fala puxado
tem o traço marcado
e o pé rachado.
O repente que faz sua rima,
nele tudo fascina, é o artista
que vive com o chapéu virado pra cima
na feira ou em qualquer esquina.
Nordestino não deixa seu traço,
Nordestino não deixa seu traço,
Só fala arrastado, até embolado
e gosta do repente que sai da viola
um som arretado que arrasta o pé cansado
na poeira seca do chão.
Na feira que tudo se vende
a cultura se aprende
basta olhar pro povão.
(Carina Ferreira Gonçalves Lacerda Lemos)
(Carina Ferreira Gonçalves Lacerda Lemos)
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